A culpa pela propagação do coronavírus é incerta. Mas a responsabilidade por ampliar suas consequências têm nome. Cientistas acusam indústria alimentícia de usar a pandemia para promover seus produtos carregados de calorias.

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A pandemia já fez milhares de vítimas.

Mas seus efeitos poderiam ser amenizados, não fosse a atuação da indústria dos alimentos processados.

Especificamente a de junk food.

Isso porque pessoas com sobrepeso e obesidade representam oito em cada dez diagnósticos de Covid-19 na Grã-Bretanha.

E por seis em cada dez óbitos pelo coronavírus.

A responsabilização foi feita em editorial publicado no British Medical Journal.

Nele, cientistas da Universidade Queen Mary de Londres acusaram o setor de junk food de exacerbar a pandemia para promover seus polêmicos cardápios.

“Desde o início da pandemia a indústria de alimentos lançou campanhas, muitas vezes com táticas descaradas, usando o surto como uma oportunidade de marketing”.

Os cientistas citam casos específicos, e que passam por caridade.

No artigo, a rede Krispy Kreme é acusada de explorar a crise enviando um milhão de donuts açucarados para a equipe da linha de frente do sistema público de saúde, como parte de um golpe viral de relações públicas.

Os signatários do editorial pedem que a indústria pare “imediatamente” de promover alimentos e bebidas não saudáveis.

O motivo é óbvio.

Hoje sabemos que o risco de doença crítica por Sars-CoV-2 aumenta em 44% para pessoas com sobrepeso e quase dobra para pessoas com obesidade.

As taxas de mortalidade são quase 40% mais altas em pacientes com IMC acima de 30.

No texto, os pesquisadores escreveram: “Está claro que a indústria de alimentos compartilha a culpa não apenas pela pandemia da obesidade, mas também pela gravidade da Covid-19 e suas consequências devastadoras”.

“As indústrias de alimentos em todo o mundo devem parar imediatamente de promover, e os governos devem forçar a reformulação de alimentos e bebidas não saudáveis”.

O alerta é importante porque, ao contrário da idade, o peso em excesso é um fator de risco que podemos mudar.

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