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Eles nos oferecem uma rede de proteção contra as inevitáveis adversidades. Leia minha última coluna publicada na revista Veja.
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Não é fácil, para um adulto, fazer um novo amigo.
Refiro-me a um amigo de verdade, àquela pessoa com quem você pode contar a qualquer hora, junto de quem você se desobriga de usar máscaras sociais e em cuja companhia não se acanha em pensar em voz alta.
Conhecemos gente nova todo dia.
Podemos nos aproximar de pessoas que nos cruzam o caminho circunstancialmente, mas esses relacionamentos superficiais estão longe de constituir amizades.
Adolescentes e jovens, ao contrário dos mais velhos, costumam fazer amigos para uma vida inteira.
Isso talvez se deva ao fato de que, naquela idade, a ausência de interesses outros que não a amizade em si gera sentimentos genuínos e fortalece os laços de confiança.
Não é fácil, portanto, fazer um novo amigo a partir de, digamos, 40 anos.
Mas também não é impossível.
Nem a pandemia foi desculpa.
Muita gente estreitou laços em grupos de WhatsApp, compartilhando anseios e angústias relacionadas ao necessário isolamento social a que tivemos que nos submeter.
Eu mesma passei a integrar novos grupos extraordinários de gente contribuindo com seu olhar sobre a Covid e os desafios que ela impôs ao país.
O grupo Parlatório, que reúne formadores de opinião das mais diversas áreas, é um exemplo de fórum em que, apesar da distância física, novas amizades nascem ou se fortalecem.
Nesse ambiente virtual, empresários, banqueiros, economistas, políticos, juristas, escritores e outros profissionais, todos com profundo conhecimento de causa, debatem o cenário brasileiro com franqueza e generosidade – dois atributos que se procura em um amigo.
Não cultivar amizades é uma forma de apequenar a própria existência e reduzir nossa expectativa de vida.
Quando nos isolamos do mundo, mesmo sem querer, estamos abrindo mão de um universo de prazer e cumplicidade que nos beneficia imensamente.
Os amigos, afinal, formam uma espécie de rede de proteção contra as inevitáveis adversidades do mundo.
Tenho certa facilidade em fazer amizades, mas sei que nem todo mundo é assim.
Às vezes, um bom empurrão é oportuno.
A nossa capacidade para fazer amigos não tem prazo de validade, que se esgota quando ainda somos jovens.
Deixo aqui uma provocação: se adultos marcam encontros românticos, em busca de um parceiro, por que não investir também em encontros de amizade?
A música popular ajuda a embalar esse sentimento.
“Não é bom saber que você tem um amigo?”, perguntava James Taylor em “You’ve got a friend”.
Paul Simon e Art Garfunkel responderiam “sim”, explicando poeticamente que amigo pode ser “uma ponte sobre águas revoltas”.
Milton Nascimento e Fernando Brant resumiram tudo: “Amigo é coisa pra se guardar/debaixo de sete chaves/dentro do coração”.
Só para lembrar alguns hinos inesquecíveis à amizade.
Por mais que as relações próximas habitem uma espécie de intimidade espontânea – um lugar onde não há erros nem julgamentos – mantê-las exige investimento afetivo.
Trata-se de uma iniciativa prazerosa, que não é da ordem da ambição, mas da devoção.
Afinal, a vida, como cantavam os Beatles, fica mais gostosa “com uma ajudinha dos amigos”.
Publicado originalmente na revista Veja.
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