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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
Novas palavras nos ajudam a superar velhos medos. Leia minha última coluna publicada na revista Veja.
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O desconforto de ficar em locais fechados é claustrofobia.
A angústia de estar em aglomerações é agorafobia.
Incomodar-se com pequenos sons que a maioria nem repara, como mastigar, tossir ou simplesmente limpar a garganta, é misofonia.
A aflição ao falar em público é glossofobia.
Como se não bastasse o mal causado por essas fobias, nossos tempos forjaram o medo de todos esses medos juntos.
E ele ganhou um nome, é o FORTO.
Esta é uma abreviação de fear of returning to the office.
Em tradução literal, seria o “medo de voltar para o escritório”.
E o FORTO é real.
Para sete em cada dez pessoas, retornar à rotina do escritório será “difícil” e “estranho”, segundo pesquisa da consultoria Korn Ferry.
Entretanto, com o avanço da vacinação e a queda no número de internações, cabe pensar.
Será que esse temor de retornar ao local de trabalho está relacionado apenas com a Covid?
Imaginar o “chato” do escritório com dois anos de assuntos para botar em dia pode ser bastante assustador, a ponto de influir no seu FORTO.
Não há quem esteja pronto para isso.
Outras coisas também trazem pavor na retomada, como dividir espaços, evitar virar os olhos presencialmente e voltar a usar sapatos!
Afinal, depois das cavernas, dos feudos e das sesmarias, é nos escritórios que se enfrentam os limites humanos.
Tanto físicos quanto, ultimamente, mentais, como o stress e a síndrome de burnout.
Pois então veio a pandemia, que fechou tudo, inaugurou a era do home office e, de uma hora para outra, fez cessar esses transtornos fóbico-ansiosos para muita gente.
Sim, no meio de tantas vítimas, muitas outras foram salvas.
O que nos leva a uma outra nova palavra no léxico, “covidalgia”, a nostalgia do tempo da Covid-19.
Isso mesmo, saudades da pandemia.
Por incrível que pareça, já há quem sinta falta da fase dura do confinamento, como a ausência de trânsito nas ruas vazias.
Menos mesquinha, dentre as covidalgias mais sentidas para quem retorna à rotina estará a saudade da comida feita em casa, por exemplo.
Outras perdas serão sentidas.
Lá se vão hábitos saudáveis como a caminhada matinal, diante da necessidade de sair mais cedo e evitar o engarrafamento.
E adeus a comer em família, diante da junk food cotidiana entre reuniões e os snacks da madrugada para entregar o relatório na primeira hora.
Como algo que ninguém controla, medos também são necessários.
Fica difícil confessar, mas a verdade é que não descendemos do hominídeo mais valente.
Esse achou que dava conta e foi comido pelo leão.
Viemos do que estava logo atrás, do mais prudente.
Ou seja, do “medroso”.
Sem poder evitar, resta superar o novo medo.
A adaptabilidade que levou os funcionários para o home office agora será importante para fazer o caminho inverso.
De qualquer forma, diante da conjuntura atual, em que se teme o que inventam em boatos e fatos alternativos, esse seria só mais um livramento.
Sorte que, neste caso, a pista está clara.
Vencer o FORTO nos tornará mais fortes.
Publicado originalmente na revista Veja.
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