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Os crescentes indicadores de desemprego não podem ser vistos como normais. Leia a coluna de Luiz Carlos Trabuco Cappi publicada no Estadão.
Ponto de partida – Desafios econômicos que devemos enfrentar
A distopia do novo anormal – Como será a vida pós-pandemia?
A pandemia agravou um problema já estrutural na economia brasileira: a falta de emprego.
No final do ano passado, a sociedade somava 11,6 milhões de desocupados.
Agora, a taxa subiu para 13,3%, atingindo 12,8 milhões de pessoas, segundo dados da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE no mês passado.
O País tem ainda um contingente de mais de 32 milhões de trabalhadores informais ou autônomos, que atuam sem carteira assinada e por conta própria, em condições quase sempre precárias.
A crise no mundo do trabalho atinge duramente os mais jovens, com a perda de milhares de vagas para aprendizes e estagiários.
Sem perspectiva de criação de vagas na economia, o consumo recua, as empresas postergam investimentos e a arrecadação cai, fazendo o País andar para trás. O quadro social se deteriora, a desigualdade aumenta.
É urgente, portanto, inserir o tema do emprego no debate econômico, sob pena de sacrificarmos de modo irreversível carreiras promissoras e a vida de pessoas.
Historicamente, o mercado de trabalho sempre foi palco de grandes desafios.
Transformações provocadas pelos ciclos econômicos e pelas inovações tecnológicas fazem o nível de emprego oscilar.
Foi assim, por exemplo, na transição da primeira Revolução Industrial (1760-1850), que contemplou a mudança do processo de produção artesanal para manufatura em larga escala, para a segunda (1850-1950), com o desenvolvimento da energia elétrica, das indústrias do aço e do petróleo.
Hoje, as relações de trabalho também passam por um profunda reestruturação, mas em velocidade nunca vista.
Ciclos que levavam até 100 anos para se completar, agora se dão em dez ou menos.
A globalização emoldura essa cena.
Os mercados nacionais operam no compasso da demanda mundial por produtos e serviços, adaptando-se aos sucessivos ganhos de eficiência proporcionados pela tecnologia.
Integrado à economia mundial, competindo em todas as cadeias globais de comércio e finanças, o Brasil reflete esse fenômeno.
Não podemos nos deixar enganar.
Em nosso País, a situação é premente.
O reaquecimento do mercado de trabalho depende de medidas capazes de absorver grandes contingentes e reintegrar milhões de pessoas, rapidamente, por meio da geração de empregos diretos.
Essa reconstrução será mais demorada do que foi a deterioração do mercado de trabalho, o que só reforça a necessidade de iniciá-la o quanto antes.
A responsabilidade pela geração de empregos é do estabelecimento de um projeto econômico.
Não serão encontradas soluções por meio de voluntarismos ou por ação exclusiva do setor empresarial.
Só a partir de uma formulação macroeconômica o setor privado encontrará condições para tomar as decisões mais adequadas em cada um dos seus segmentos.
É como ocorre hoje na maioria dos países industrializados.
O emprego é fundamental para a recuperação econômica.
O exemplo mais recente se deu no final de agosto, nos Estados Unidos, com a divulgação da nova política monetária do Federal Reserve, francamente voltada para reativar a economia e sua capacidade de abrir vagas de trabalho.
Os crescentes indicadores de desemprego não podem ser vistos como normais.
Conhecemos vetores tradicionais, como a construção civil e infraestrutura, que já se mostraram capazes de reverter quadros dramáticos. Incentivos a esses setores, nos limites do teto de gastos, não entram em contradição com a necessidade do ajuste fiscal.
O desafio do emprego será tanto melhor enfrentado se houver a aguardada confirmação de um programa de privatizações e concessões.
Um ritmo mais constante para as reformas tributária e administrativa igualmente se completa como mensagem positiva aos investidores.
Uma estratégia econômica que inclua a questão do mercado de trabalho na agenda de prioridades – e ganhe espaço no discurso dos agentes públicos – tem tudo para melhorar as expectativas sobre o desenvolvimento econômico e social do Brasil.
Texto publicado originalmente em O Estado de S. Paulo (14/09/2020).
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