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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
Como na fábula, uma vida melhor requer consciência e atitude. Leia minha última coluna publicada na revista Veja.
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É muito fácil tomarmos uma decisão que tornará nossa vida melhor.
Temos as informações confiáveis, os bons exemplos em que podemos nos mirar e até as evidências científicas trabalhando a nosso favor.
Alguns planos pessoais são recorrentes.
Acordar mais cedo para ter tempo de começar o dia com um exercício que irá nos colocar no prumo para uma jornada produtiva.
Não mais perder horas a fio na frente de uma telinha hipnotizante que nos afasta do mundo real.
Optar por uma dieta saudável, pobre em gorduras e rica em nutrientes.
O senso comum aponta que iniciativas como essas proporcionam bem-estar e ganhos consideráveis, sobretudo a médio prazo, quando seus efeitos são plenamente sentidos.
O problema, com frequência, é implementar o que se decidiu fazer.
Por isso, costuma-se deixar o início da nova fase para amanhã ou depois de amanhã ou a próxima segunda-feira.
Notei mais uma vez essa discrepância entre o que queremos fazer e o que de fato acabamos fazendo – ou não fazendo – ao tomar conhecimento de projeções que mostram a forte tendência de alta na porcentagem de brasileiros que sofrem de obesidade, uma condição que provoca maior incidência de diabetes e hipertensão.
Em 2006, quando a World Obesity Federation realizou o primeiro levantamento do gênero, 12% dos adultos estavam muito acima do peso ideal.
Hoje são 22% e em 2030, a continuar nesse ritmo, o país vai encostar na marca alarmante de quase um terço de sua população adulta.
Ora, esse quadro não está em sintonia com a mudança de hábitos que identificamos em reportagens da imprensa ou postagens nas redes sociais.
A impressão que se tem, a partir desses relatos, é que há um movimento geral em curso em direção a uma alimentação adequada, o que levaria a uma redução do número de pessoas obesas.
Se tal impressão não corresponde à realidade só pode ser porque os bons planos pessoais alardeados em público não estão sendo devidamente executados.
Ninguém precisa se culpar por não levar adiante, com firmeza e determinação, um plano que se propôs a cumprir.
Mas é bom entender o que se passa em nossa mente – até para poder mudar.
A negligência com o futuro é demasiadamente humana.
Como a biologia explica, há uma região do cérebro que induz à sensatez e outra que instiga o prazer.
O córtex pré-frontal e o sistema límbico se digladiam sem parar.
De um lado, há um apelo para tentarmos maximizar o prazer desfrutado no presente, mesmo que isso tenha um preço elevado em termos de saúde.
De outro, sabemos que o certo muitas vezes é retardar a recompensa.
Sim, temos dentro de nós um pouco da formiga e da cigarra da fábula de Esopo, mais conhecida na versão de La Fontaine.
Queremos nos manter seguros no inverno, mas sem deixar de cantar no verão.
Com a expectativa de vida cada vez mais longeva, no entanto, não podemos perder de vista que o custo de antecipar um prazer – consumindo açúcar e gordura, por exemplo – será cada vez maior.
Não basta antever o futuro que se deseja.
É preciso definir uma estratégia e implementá-la.
Mais importante é não desistir: para cada recaída, uma retomada – de preferência, a partir de hoje.
Publicado originalmente na revista Veja.
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