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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
No Japão, o prazer de comer combina com a vida saudável. Leia meu artigo publicado na revista Veja.
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Viajar ao Japão, como fazem agora os atletas olímpicos, não é apenas um deslocamento no espaço.
A maior distância em relação ao arquipélago do outro lado do mundo não é geográfica.
Para alguém saído dos trópicos, é uma experiência cultural e gastronômica radical, sem paralelo em outros destinos turísticos.
Para quem é um jovem atleta de alto rendimento, acostumado a consumir mais de 7.000 quilocalorias por dia, fico imaginando o tamanho do choque cultural (haja barriga de atum para estocar tanta energia necessária ao esporte).
Estive em Tóquio pela primeira vez há vinte anos.
Impressiona o contraste das imagens de templos históricos refletidas em fachadas de vidro de arranha-céus iluminadas por neon.
E também, claro, os restaurantes.
A culinária e os saudáveis hábitos alimentares são um capítulo à parte, que começa pelo café da manhã.
Em primeiro lugar, é preciso estar disposto a ir muito além do tradicional pão com manteiga.
Com o estado de espírito receptivo ao novo, podemos saborear o tradicional missoshiru, uma sopa preparada com Hondashi (um tempero em pó à base de peixe), soja, tofu e cebolinha.
Ou um omelete com nori, a alga marinha mais conhecida por esculpir sushis.
Ou ainda um salmão fresco servido em translúcidas fatias.
Comer salmão no café da manhã, aliás, é um gosto adquirido, algo que incorporei para sempre ao meu repertório.
Após um desjejum de rei, os japoneses sabiamente são frugais no almoço.
Preferem aguardar o fim do dia, quando uma happy hour regada a saquê antecipa o jantar, em geral acompanhado de rituais de degustação, sobretudo em ocasiões especiais e celebratórias.
A arte de apresentar os pratos prolonga o prazer gastronômico, tornando a refeição um apelo ao paladar e à visão.
A moderação do apetite é um estilo de vida e a qualidade dos ingredientes, uma exigência nacional.
As pessoas amam sua comida, e entendem que comer bem e comer de forma saudável não são excludentes.
Se você pergunta às crianças no ensino fundamental o que desejam ser quando crescer, é muito provável que ouça delas que querem ser restaurateur ou chef — profissão normalmente vista entre as melhores opções de carreira na escola.
Curiosamente, é admirável que os japoneses sejam líderes em longevidade e registrem taxas muito baixas de obesidade.
Quanto à etiqueta, há que observar suas especificidades.
Em restaurantes é considerado falta de educação pedir guardanapo.
Afinal, o ohashi (ou hashi) nos permite levar pequenas poções direto à boca, dispensando a necessidade do acessório.
Se o país oriental parece hoje menos distante é porque, desde a grande imigração nipônica, nós estamos aprendendo com os japoneses.
Nos anos 60, embalados pela valorização espiritual que se contrapôs ao consumismo, muitos jovens absorveram princípios da filosofia zen-budista.
Mais tarde, quase em contraponto à calma sugerida por esses altares, aportou por aqui o conceito empresarial japonês do just in time, que fez a cabeça e a planilha de executivos de todos os quadrantes.
E, finalmente, nos rendemos aos sashimis e outros quitutes, que tomaram de assalto a cena culinária brasileira.
Na modalidade boas influências, acho que merecemos o ouro.
Publicado originalmente na revista Veja.
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