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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
Se a intuição antecipa a razão, é bom prestar atenção ao que ela diz. Leia meu artigo publicado na revista Veja.
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Se é verdade que os mais velhos costumam ser mais sábios, então o corpo sabe mais que o cérebro.
O corpo resulta de milhões de anos de evolução, enquanto o cérebro, comparativamente, ainda é uma criança, com alguns milhares de anos.
Ou seja, as razões do corpo podem ser mais consistentes que a da mente.
Não se trata de desprezar a racionalização, mas de dar o devido espaço à intuição. As duas esferas não se excluem mutuamente.
Ao contrário, são ferramentas complementares para construirmos uma vida melhor, mais saudável.
O foco no racional, restrito à absorção de conteúdos, pode esconder algumas armadilhas.
Na área da alimentação, por exemplo, é comum que este ou aquele produto seja, alternadamente, condenado e absolvido, com seu destino selado ao sabor de novas pesquisas ou de acordo com a última moda.
Tem sido assim com o café e o ovo, que já desempenharam papéis de vilão e mocinho.
A dar crédito a tudo o que nos chega por intermédio do intelecto, estaríamos um tanto perdidos, sem saber o que deveríamos consumir.
Seríamos meros leitores de rótulos nas gôndolas, iludidos por informações que às vezes procedem, às vezes não.
A alternativa é confiar nos sinais que o corpo dá, conceder o que ele está nos pedindo.
A natureza é sábia e tem suas próprias razões.
Não por acaso somos dotados de intuição, a parte do nosso comportamento que não é fruto de aprendizado.
Acredite, o corpo sabe o que faz.
Cabe a nós tentar interpretar sua sinalização.
A insuficiência de alguns nutrientes no organismo, por exemplo, pode ser indicada pelo desejo de consumir determinados alimentos.
De repente, a pessoa é acometida de uma vontade súbita e irrefreável de comer chocolate, o que, aliás, tem sido frequente durante a pandemia.
O que o corpo está dizendo?
Que talvez tenha sido detectada uma falta do aminoácido triptofano, o que desencadeia crises de ansiedade ou até depressão.
A solução rápida é se deliciar com um brigadeiro, que contém essa substância, responsável por sintetizar a serotonina, neurotransmissor que regula o sono e o humor.
Mas o corpo também sabe que há outras fontes de triptofano, como frutas e cereais – daí a importância da interpretação.
Os exemplos se multiplicam.
O impulso de comer carne está relacionado à falta de ferro e zinco no organismo, o que pode causar anemia.
Desejos incontroláveis por iogurte e queijo sinalizam que o nível de cálcio pode estar aquém do ideal.
Essas e outras demandas do corpo não devem ser um salvo-conduto para comermos sem moderação.
O corpo não quer se empanturrar, quer apenas repor o equilíbrio nutricional.
Lembro-me, a propósito, de um livro que fez muito sucesso nos anos 70, “O corpo tem suas razões”, de Thérèse Bertherat.
Nessa obra, a fisioterapeuta francesa desenvolveu o conceito de antiginástica, uma prática que busca o autoconhecimento do corpo, despertando áreas que estão adormecidas a ponto de terem perdido a sensibilidade.
Ela demonstrou que um pouco de alongamento na medida certa é garantia de sensação duradoura de bem-estar.
O nosso organismo – ossos, músculos, tendões, ligamentos – guarda essa memória.
Da mesma maneira que sabe, pela experiência própria, quais alimentos fazem bem à saúde.
Não deixe de se informar, claro, mas, antes de decidir sobre a dieta ideal, ouça o seu corpo.
Originalmente publicado na revista Veja.
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