Junte-se a mais de 100,000 pessoas que recebem conteúdos semanais por e-mail.
Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
Estrutura atual é inadequada para o País crescer, criar empregos e estimular o empresário a investir. Leia a coluna de Luiz Carlos Trabuco Cappi publicada no Estadão.
Ponto de partida – Desafios econômicos que devemos enfrentar
A distopia do novo anormal – Como será a vida pós-pandemia?
Entre os que se preocupam com a economia, é unanimidade a necessidade de uma reforma tributária.
Aumentaria o bem estar social e a taxa de crescimento do País, além de livrá-lo de um sistema desconexo, confuso e socialmente injusto.
Foi boa, portanto, a iniciativa do governo de enviar ao Congresso sua primeira proposta de reforma dos tributos, que deve ser seguida de outras três, e se soma aos projetos que tramitam na Câmara e no Senado.
A discussão será interessante. Os que carregam os custos de uma reforma não são os mesmos que auferem seus benefícios.
Esse debate não pode ficar para depois.
A pandemia de Covid-19 agravou o fato de que a estrutura tributária atual é inadequada para o País crescer, criar empregos e estimular o empresário a investir.
É a mesma há mais de meio século, com alguns ajustes na Constituição de 1988. Desde então, o Brasil se transformou.
É mais urbano, com outra matriz produtiva e maior demanda de recursos nas três esferas de governo.
O sistema se deformou nas últimas três décadas.
Aos sinais de dificuldades fiscais, os diferentes governos criaram “contribuições” ajustadas à maior demanda de recursos, o que formou um dos sistemas tributários mais complexos do mundo.
A modernização da economia e os produtos e serviços com inovação tecnológica também criam necessidades de nova classificação tributária. Há uma situação de potencial litígio entre cidadãos, empresas e o Fisco.
A autonomia dos Estados e municípios – com suas jurisdições e, dentro de limites, as alíquotas dos seus impostos –, foi pensada para fortalecê-los, porém, provoca disputas fiscais que enfraquecem a todos.
A estrutura tributária é regressiva, a alíquota efetiva para os mais ricos não é proporcionalmente maior do que para os mais pobres.
No Brasil, a concentração de renda elevada deve aumentar com a crise.
De novo, essa iniquidade pode ser atenuada por um sistema mais justo e equilibrado.
A situação fiscal já era problemática antes da pandemia.
Desde 2014, o setor público federal apresenta um déficit primário, que tem se expandido nos últimos meses.
A situação de muitos Estados e municípios é crítica.
Atualmente, há ainda dois projetos de reforma tributária, a PEC 110 e a PEC 45, que tramitam no Senado e na Câmara de Deputados.
São parecidos, unificam alguns impostos, mudam a sistemática de arrecadação e resolvem algumas distorções, não todas.
Buscam acomodar os interesses dos entes subnacionais.
A primeira parte do projeto de reforma tributária do Executivo unifica impostos federais e simplifica a arrecadação.
É complementar aos dois projetos em tramitação no Congresso Nacional.
A combinação dos três pode resultar numa reforma que atenda exigências de governadores e prefeitos. Ser o avanço possível.
O ideal é um novo sistema tributário acompanhado de mais flexibilidade orçamentária para alocar recursos e amortizar a dívida pública, para aumentar a eficiência da economia e induzir o investimento.
Uma construção focada no bem estar do Brasil, mais do que em proteger direitos adquiridos.
Estamos numa emergência tributária, para a qual todos precisam dar sua parcela de contribuição adicional.
Não há heresia, desde que em caráter temporário, com data para começar e para acabar, com o objetivo de achatar a dívida pública e evitar a insolvência do País.
O Brasil já superou crises fortes no passado.
Foi o que aconteceu em 1929 e nos anos 1960. Nas duas ocasiões, o sistema tributário foi substituído.
Foram criados e eliminados impostos, e a repartição de receitas foi alterada.
Os problemas foram superados e o crescimento nacional foi maior do que o mundial.
Podemos fazer o mesmo agora.
O ambiente é de convergência: o governo quer, o Congresso é reformista, enquanto empresários e trabalhadores apoiam lideranças comprometidas com o tema.
Entre tantas outras, a questão tributária precisa ocupar o topo da lista de prioridades.
Texto publicado originalmente em O Estado de S. Paulo (03/08/2020).
Junte-se a mais de 100,000 pessoas que recebem conteúdos semanais por e-mail.
Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.